Se hoje existe Radiação e outros programas de rádio humorísticos, a culpa também é desses caras aí!
A equipe do Radiação é formada por cinco pessoas, mais o estagiário, que vive em um cercadinho embaixo do sol e não costuma entrar em nossas contas como uma pessoa. Essas pessoas são viciadas em rádio e história do rádio, a ponto de devorar livros e sites sobre o assunto. Um dos projetos futuros do Radiação é a construção de uma máquina que consiga reverter o espaço-tempo como o conhecemos, possibilitando-nos voltar à época de ouro do rádio. Mas enquanto isso não sai do papel, só nos resta lembrar de grandes programas e locutores, que fizeram e fazem a história do rádio brasileiro e mundial.
Sempre que possível, tentamos achar um jeito de inserir no programa (ou aqui mesmo no Blog) menções a lendas do rádio, de diversos gêneros e tipos, como Fiori Gigliotti, Zé Bettio, Eli Corrêa, Zancopé Simões, Vicente Leporace, Osmar Santos e Barros de Alencar, ou episódios significativos (como a Guerra dos Mundos, que falamos aqui). Só esperamos um gancho pra poder tocar no assunto, e às vezes o gancho acaba vindo da maneira mais trágica possível.
No dia 12/04, o humorista-radialista Sergio Leite nos deixou, precocemente. Como uma homenagem a ele, pensamos em apresentar em nosso programa do dia 25/04 um pequeno bloco do lendário programa Show de Rádio, do qual ele fez parte durante quase uma década. Por falta de tempo, não conseguimos dizer e mostrar tudo o que queríamos sobre o programa, mas vamos aproveitar este espaço no Blog para despejar em palavras um pouco do que diríamos no programa. Então crianças, sentem-se, abram seus livros e cadernos, porque vem aí um pouquinho de história...
O Show de Rádio foi um programa de humor, apoiado principalmente no futebol, que fez imenso sucesso nas décadas de 70 e 80 (época em que a Gretchen e a Rita Cadillac ainda davam um caldo), na rádio Jovem Pan e posteriormente na Bandeirantes. Era exibido aos domingos e quartas, sempre após as transmissões esportivas, o que o colocava como opção para fazer um torcedor dar risada mesmo quando seu time tomava uma sacolada do rival.
Criado pelo genial Estevam Sangirardi, o programa revelou vários talentosos humoristas, como o próprio Sergio Leite, Odayr Baptista, Douglas Rasputin, Nelson Tatá Alexandre, Chiquinho Ferrão e João Kleber (hein?! Aquele das pegadinhas e do teste de fidelidade?! Sim, ele mesmo!!). Personagens inesquecíveis como o esnobe são-paulino Didu Morumbi, o palmeirense Comendador Fumagalli e sua Noninha, o cachorro Vardemá Fiume, o corintiano Joca, alegravam os ouvintes, que também adoravam as imitações que eles faziam de personalidades esportivas e políticas da época. Nem o próprio rádio escapava, os locutores eram alvo constante das imitações do Show de Rádio.
Segundo relatos da época, era comum ver, em dias de clássico, os torcedores indo embora em seus carros gargalhando, mesmo parados no trânsito. Todos, claro, sintonizados no Show de Rádio. O jornalista e radialista Sérgio Barbalho conta que Sangirardi chegava na rádio no início da tarde do domingo e redigia o roteiro do programa na sua máquina de escrever cheia de papel carbono, para depois distribuí-los aos demais humoristas (se você é do tempo da Xerox, saiba que papel carbono é uma invenção importantíssima para a humanidade, que proporcionava cópias de qualquer coisa que se escrevesse numa folha que estivesse acima dela). Conta-se ainda que durante o programa, os apresentadores chegavam a sair do estúdio para rir do lado de fora, e assim não atrapalhar quem dava seu texto no momento.
São histórias de um tempo em que se vê como era divertido fazer e ouvir rádio, uma essência que o rádio não perdeu e que o Radiação tenta sempre manter e honrar quando está no ar. Para saber mais sobre o Show de Rádio e sobre a carreira de Sangirardi e dos outros humoristas que aqui citamos, recomendamos o estupendo livro Um Show de Rádio: a vida de Estevam Sangirardi, do jornalista Carlos Coraucci.
Trazemos abaixo, dois trechos do programa, em seus tempos áureos, ainda na década de 70. Primeiro, o tema de abertura do programa, tão deliciosamente ingênuo e feliz, faz pensar como o mundo e principalmente o futebol se tornou tão mal-humorado nos últimos 40 anos.
Neste segundo trecho, temos uma esquete com o Comendador Fumagalli, palmeirense fanático, e sua Noninha.
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